28 de maio de 2011

Crítica: El Topo

EL TOPO

Direção: Alejandro Jodorowsky

Roteiro: Alejandro Jodorowsky

Produção: Juan López Moctezuma, Moshe Rosemberg e Roberto Viskin

Ano: 1970

Elenco: Alejandro Jodorowsky, Brontis Jodorowsky, Jacqueline Luis...

Duração: 125 minutos

Conheça “El Topo”, um pistoleiro cheio de objetivos: levar-nos em uma viagem até um mundo inexistente e... salvar o surrealismo!

Análise: Para estarmos analisando esta película, é obvio que ela tende a passar na época do velho-oeste; entretanto, em “El Topo” não temos uma noção exata de “quando” nem “onde” ela acontece. As locações de onde o enredo se situa até nos soa como um “western spaghetti à lá Sergio Leone”, porém o surrealismo com que lidamos faz-nos perder a noção de tempo. E então apenas conseguimos nos estabelecer em um período pelos cenários e figurinos, os quais são devidamente esquisitos para a época do oeste selvagem norte-americano, chegando à conclusão de que estamos a ver um filme retratado longe dos tempos das diligências de John Ford.

Como prova de total surrealismo, temos a figura de um garoto de seis anos que anda completamente despido (Brontis Jodorowsky), sem motivo algum para isso; no entanto, ele é filho de ‘el Topo’ (a toupeira, interpretado por Alejandro Jodorowsky) que anda apenas com roupas pretas debaixo daquele calor funesto e penoso, totalmente contrário ao aspecto de seu filho. Vemos os dois companheiros a vagar pelo mundo sujo de sangue e de poeira sem uma razão aparente, normalmente auxiliando criaturas em sua jornada. Isto já é um próprio estereótipo dos antigos anti-heróis de Sergio Leone – como o “homem sem-nome” –, aumentando assim as homenagens que a película traz para o western spaghetti, fora as já citadas locações parecidas.

A história é dividida em duas partes: a primeira representando o faroeste em si, com poucos tons surreais em relação à segunda, onde os momentos de “loucura” são incontáveis. Na primeira parte, quem acompanha El Topo é seu filho, porém ele o troca pela mulher Mara (Mara Lorenzio), a qual o desafia a enfrentar os quatro pistoleiros do deserto, sendo que todos estes são os mais esquisitos possíveis; na segunda parte, conta-se uma história de redenção, onde vemos um velho-oeste totalmente anormal e excêntrico, mas demonstrando uma dose de verdade em relação aos problemas que lá ocorrem. É inclusive nesta segunda parte onde se pode fazer uma comparação com os dias de hoje, sendo como um retrato do que temos de lidar atualmente: a desigualdade e preconceito; mesmo sendo uma obra surrealista, existem nela pingos da verdade. Ah, e não se esqueçam da parte em que El Topo troca seu filho pela mulher, pois nesta cidade há um reencontro entre os dois, o que acabará em um resultado inesperado. Apenas vejam e saberão!

Deixando de lado o peculiar arroz-feijão, Jodorowsky dirige de forma própria, expondo planos complexos e um tanto quanto invulgares, justamente como também é sua obra. Fora sua direção, o seu trabalho ainda manifesta cortes de câmeras crus e alguns até “sem sentido”, impondo um maior destaque à película principalmente por envolver um projeto de produção surreal fora do filme em si (no caso, a edição). E além da direção destacável e plausível de Jodorowsky, vale dizer ainda que o artista chileno tem a capacidade para atuar (mesmo que de uma forma caricata), escrever um ótimo roteiro (apesar conter algumas falhas grotescas) e até mesmo compor a angustiante trilha sonora; sem contar também que é seu filho quem interpreta o menino despido durante a primeira parte da película. Impressionante, não?!

Tida como uma das maiores obras-primas do gênero fílmico nomeado surrealismo, El Topo nos encanta com suas imagens impactantes, mirabolantes e de múltiplo sentido, além de sua estética finíssima e inovadora, seu simbolismo, suas homenagens e seus fortes personagens, demonstrando toda a genialidade do criador Alejandro Jodorowsky. E apesar de conter riquíssimos detalhes (o que faz com que a película seja assistida mais de uma vez), os espectadores podem se distrair de maneira fácil e direta, principalmente por ser uma obra-prima chamativa e acima de tudo: violenta.

MINHA NOTA PARA ESTE FILME: 9,0.

ANÁLISE FEITA POR BRUNO BARRENHA.

2 comentários:

  1. Uma coisa é certa, não existe um western como este El Topo, para o bem ou para o mal... depende de quem assiste.

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  2. Acabei de ver o filme, até o momento em que ele mata os mestres do deserto o filme é interessante, depois passa a ser confuso, perde o rumo da historia, as duas mulheres que somem com ele somem e ele vira um mendigo.

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