26 de novembro de 2012

Retrospectiva Cangaço | Crítica: A Morte Comanda o Cangaço

 A MORTE COMANDA O CANGAÇO

Direção: Carlos Coimbra e Walter Guimarães Motta
Roteiro: Carlos Coimbra, Francisco Pereira e Walter Guimarães Motta
Elenco: Alberto Ruschel, Aurora Duarte, Milton Ribeiro...
Ano: 1961
Duração: 100 minutos

Ao nível de um western na categoria B, a dupla de diretores realiza um dos clássicos do cangaço.

Análise: A Morte Comanda o Cangaço é um filme brasileiro que se situa em 1929, época na qual o nordeste de nosso país era dominado pelos típicos cangaceiros. A história de vingança é protagonizada por Alberto Ruschel e Milton Ribeiro – ambos participantes do maior filme do gênero, O Cangaceiro (Lima Barreto, 1953). A película foi indicada pelo Brasil para o Oscar na categoria de “Melhor Filme Estrangeiro”, porém não foi escolhida para a fase final da premiação. 


Raimundo Vieira (Ruschel) é um pequeno fazendeiro que tem sua casa queimada e sua mãe morta por um grupo de cangaceiros, liderados pelo Capitão Silvério (Milton Ribeiro), após o prejudicado ter se negado a pagar por “proteção”. Raimundo, no entanto, consegue sair vivo do ataque e deseja pôr fim à violência que os arruaceiros impõem no nordeste, e então monta o seu próprio bando, só de homens cansados da exploração pelos cangaceiros.

A vingança se inicia com a morte do Coronel Nesinho (Gilberto Marques), protetor e padrinho de Silvério, o qual, imediatamente, cavalga para retribuir a selvageria daquele que já sofrera do mesmo sentimento. Raimundo e Silvério, assim sendo, vão atrás de suas respectivas vendetas, um contra o outro; ao fim, encontram-se para fazer um duelo de facões, onde quem define o perdedor é uma mulher: Florinda (Aurora Duarte).

Só pela sinopse acima, percebe-se a importância das mulheres na película. Florinda, ex-mulher de Silvério, é capturada pelo bando de Raimundo e fica feliz por estar livre dos cangaceiros, acaba se casando com Raimundo e, ao final, escreve um papel influente para a definição do duelo entre os dois “maridos”. Maria dos Anjos (Ruth de Souza) é a atual “namorada” de Silvério, tendo se conhecidos em uma festa dos cangaceiros. Em busca do assassino de seu padrinho, Silvério e seu bando são emboscados por policiais, mas salvos justamente por Maria, que termina por levar um tiro; Silvério, tentando provar ser o cabra-macho que se mostra, nem sequer liga. 

O ambiente seco, característico do nordeste brasileiro, é bem explorado pela fotografia de Tony Rabatoni, que não evita em mostrar os problemas de algumas pessoas com a terra; um dos monólogos finais, narrado em off, demonstra isso por si só: “em uma luta desigual entre o homem e a natureza”. Ao fundo, em imagens, o bando de Raimundo atravessa uma seca caatinga (repleta de ossos de animais) e sofrem com o fim dos alimentos, porém a sorte está ao lado deles, possibilitando-os a presença de uma vaca pelo caminho.

Em uma substituição de cangaceiros pelos (antes) comuns caubóis, a película é uma forte construção de Carlos Coimbra e Walter Guimarães Motta, tanto na direção quanto no guião, que não deixar passar qualquer detalhe que a paisagem nordestina tem para dar. Estamos diante de um verdadeiro western B do cinema nacional – ou deveria dizer nordestern?  

MINHA NOTA:
POR THIERRY VASQUES.

3 comentários:

  1. Conforme já citei, este foi um filme visto na minha adolescencia.

    Por falta atual de sua divulgação, tentei adquiri-lo junto a um vendedor lá do Sul do País, e que me enviou uma copia completamente sem qualquer qualidade de visibilidade.

    Desta forma não posso comentar a respeito, já que o assisti de seu lançamento e hoje, 52 anos depois, não tenho nada memorizado com nitidez para descrever.

    Só lamento, conforme já coloquei, o desinteresse que existe deste povo, daqueles que tem a possibilidade de redivulgar estas fitas e não o fazem, possivelmente por desconhecer seu valor como qualidade cinematografica ou mesmo como historia.

    jurandir_lima@bol.com.br

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  2. https://www.youtube.com/watch?v=kgOy_-TKfYU

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